Como lidar com a rejeição
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Maio 12, 2018Muitas são as pessoas que chegam ao meu consultório, angustiadas, em pânico, com depressão pelo fato, de estarem em um relacionamento de sofrimento.
De repente, o encanto se perdeu, a magia se acabou e todas aquelas juras de amor eterno desmorou, a admiração e até o respeito deixaram de fazer sentido. Para muitas pessoas, esses são os sintomas mais evidentes que precedem o fim de um relacionamento, mas para outras é apenas o início de uma nova fase, difícil de aceitar, mas muitos acreditam que é a fase calma do amor ou até uma fase menos boa da relação.
Manter-se em um namoro ou casamento massacrados pode ter consequências desastrosas, mesmo assim são imensas as pessoas que insistem manter as aparências e a relação fracassada. Conheça os principais motivos e descubra que o fim pode ser o início de um novo começo.
O QUE ADIA A “SEPARAÇÃO”
1 – Os filhos
Embora seja de conhecimento de todos a máxima que afirma que filhos não seguram relacionamentos, muitos casais abdicam da própria felicidade em nome do bem estar dos filhos e evitam se separar para não causar traumas e sofrimentos. De fato, as crianças devem ser preservadas de todas as crises que fazem parte de qualquer relacionamento, mas é preciso ver se inconscientemente não serão os adultos a usarem as próprias crianças para manterem o que já terminou.
Dependendo da idade e da personalidade da criança, uma separação pode ser traumática, mas o fundamental é que os filhos entendam que a relação entre eles e os pais são vínculos eternos, ou seja, é preciso que a criança fique perfeitamente esclarecida que quem se separa afetiva-emocionalmente são apenas os pais entre si e nunca eles.
As crianças são astutas e apercebem-se de tudo o que as rodeia e crescer em um ambiente onde a infelicidade e as discussões são uma constantes interferem no seu desenvolvimento, por isso entenda que as crianças um dia crescerão e da mesma maneira que pais querem ver os filhos felizes, filho nenhum quererá viver numa casa infeliz.
2 – Dependência financeira
Ao se casarem, muitas mulheres abrem mão da vida profissional para se dedicar com exclusivamente à casa, ao marido e principalmente aos filhos.
O conflito começa a acontecer quando a mulher começa a necessitar de mais e manifesta comportamentos e atitudes de insatisfação com sua relação. Sente falta de aprovação laboral e por se manter afastada do trabalho à algum tempo a auto-estima e sentimentos de inutilidade começam a rondar a sua mente. Verificam que perderam a capacidade de autonomia. Não têm meio de sustento para si nem para os seus filhos. É quando se vêem totalmente dependentes do marido e a maioria tende a conformar-se com a situação. É por este motivo que aparecem os dissabores das patologias mentais por prisões do inconsciente.
Embora já se verifique em muitos casais dependência financeira em ambos os casos, seja por parte da mulher, seja por parte do homem, em que os dois estão empregados e o salário de um não chega para própria sobrevivência.
Neste caso, é importante avaliar se essa zona de conforto é tão confortável assim ao ponto de hipotecar o futuro e a felicidade.
3 – Comodismo
O comodismo é um dos principais motivos para manter-se em um relacionamento menos bom. A pessoa acredita que nada pode fazer para melhorar a relação e acomoda-se ao seu apático destino.
Como ganho secundário de um mau relacionamento a pessoa opta por acomodar-se à situação e como escape isola as suas mágoas numa outra relação em simultâneo.
Acredite que pode demorar o seu tempo, mas a separação após um relacionamento sem sucesso pode ter um saldo positivo e fundamental para que a pessoa evolua como ser humano.
4 – Esperança de que tudo irá melhorar
Quando nos apaixonamos tudo é um paraíso e amor eterno. Um dia acorda-se com o príncipe no outro com o sapo. Existem mulheres que passam anos esperando que esse príncipe volte, se é que ele algum dia tenha existido em outro lugar além de sua própria imaginação.
A constatação de que aquele homem maravilhoso só era visto pelos olhos de uma paixão que já não existe mais pode ser duro, mas admitir que fez uma escolha errada pode ser mais fácil e satisfatório do que permanecer em uma relação onde nenhuma das partes tem nada de bom a oferecer ao outro. É óbvio que terminar um relacionamento não é fácil, mas viver infeliz é certamente mais doloroso. Não adie a felicidade, assuma o controle da sua vida e evite mais sofrimento.
5 – Culpabilidade
São muitas as mulheres que se culpabilizam pelo fato da chama apagar. Questionam-se onde erraram e lamentam não investirem mais na relação.
Tudo na vida caminha para a entropia (tendência para o desgaste) e não há culpados. Foi bonito, apaixonante mas um dia acaba. Da mesma forma que uma relação é construída a dois, ela pode ser destruída por ambas as partes, sem que nenhum dos dois tenha refletido sobre isso.
Não se massacre com o que não deu certo. Não se conforme numa relação que já não lhe dá prazer. Não viva o presente com a felicidade do passado. Já era, agora já não é e amanhã não será, certamente.
Invista na vida, invista em si, agradeça a felicidade do que passou nesse que já foi bonito relacionamento e aceite a sua verdade. Sonhe alto porque novas oportunidades virão.
6 – Medo de ficar sozinha
Quando assumimos uma relação ou nos casamos não pensamos num afastamento ou divórcio. Mas se por alguma razão aconteceu e a relação acabou, cada um tem de seguir o seu caminho e ser feliz. Ninguém está livre de se apaixonar dentro do casamento.
Ás vezes o medo de ficar sozinho leva ao comodismo relacional e ao mesmo dissabor, todos os dias. Não será um relacionamento sem amor e, às vezes até com traição mais assustador que recomeçar do zero.
Ninguém é propriedade. Ninguém terá de ficar com outro alguém por pena ou por obrigação. Aceitar que cada pessoa tem sua vida própria e vontades próprias que merecem ser respeitados. Mesmo que isso implique um divórcio e ficar sozinho. E o que acontece muitas das vezes, é que a pessoa que mais teme ficar sozinha vê que afinal a relação que tinham era tudo menos relação porque encontra algo que a completa ainda mais e agradece por tudo ter dado errado.
Acredite em si. Estar sozinho não é tão mau como se imagina. Aprenda a ser a sua melhor companhia. Afinal se não gostar da sua própria companhia quem gostará. E se é para estar consigo mais a sua baixo auto-estima a idolatrar e a alimentar o Ego do outro é mesmo melhor estar só, para se encontrar e ter um oportunidade de ser feliz. Lembre-se que a mulher que é hoje já foi solteira de bem com a vida.
Pode voltar a fazer as coisas que fazia antes do casamento, desenvolva a auto-estima, não fique parada, faça novos amigos, regresse ao ginásio, programe uma viagem. Se for o caso, procure um psicólogo para trabalhar questões da insegurança, auto-estima e gestão da emoção. Aprenda a gostar de si.
É natural que se encontre perdida. Será uma ótima altura para se encontrar.
Boa sorte!
Natacha Seixas