13 desculpas para não ir trabalhar
Agosto 7, 2018O maior problema com o diagnóstico de depressão é que ele não existe
Agosto 9, 2018Somos uma população que se tornou viciada em nossas compulsões?
O ato da compulsão acalma-nos. Atualmente, assistimos às mais variadas compulsões: uns orgulhosos de exageradas horas no ginásio , outros levantam-se aos 6 da manhã para se tornarem corredores compulsivos, as verdadeiras “beatas” compulsivas que só sabem falar da vida dos outros e esquecem a sua desta forma. Os mentirosos compulsivos, os “dieters” compulsivos, os invejosos compulsivos, os usuários de smartphones, os compradores e assim por diante. Nós ainda nos orgulhamos de muitas das nossas compulsões. Estamos orgulhosos de que nos esforçamos para sair da cama todas as manhãs para correr o circuito do parque, faça chuva ou faça sol. Estamos muito satisfeitos que a agonia de continuar com a nossa dieta sem gordura todos os dias nos últimos meses nos tenha perdido alguns quilos de peso e conduzido muitas das vezes à anorexia e se morrermos somos um cadáver saudável. São muitos os adolescentes que ficam acordados até as primeiras horas da madrugada a jogar PSP, para que no dia seguinte possa se exibir frente aos seus amigos sobre a alegria de ganhar o título de primeiro lugar. E depois voltamos e fazemos tudo de novo amanhã.
As compulsões são a muleta psicológica que nos permitem difundir o stress gerado pelas ansiedades que nos atormentam à medida que vamos gerindo o frenético mundo novo em que vivemos.
A compulsão é qualquer coisa que esconde a ansiedade em forma de alívio ilusório momentâneo. Podemos compulsivamente limpar ou compulsivamente verificar, podemos compulsivamente acumular ou comprar, ou navegar na Internet, ou jogar sem conseguir desligar da playstation, podemos comer ou beber compulsivamente.
As compulsões funcionam como uma bateria de salvação, acabado os recursos a ansiedade instala-se e criam-se vícios como forma de escape.
No entanto, o ponto em que um comportamento que consideramos gratificante torna-se uma compulsão, é interessante. O cérebro tende a registar todos os prazeres da mesma maneira, com uma libertação do neurotransmissor dopamina naquela área do cérebro conhecida como nucleus accumbens.
O exercício físico é uma prática diária que se torna numa compulsão que ajuda a controlar a ansiedade e os sintomas de depressão. O mesmo se passa com um prazer sexual, uma refeição saborosa, uma vitória no jogo, comprar um vestido novo ou alcançar outro nível no Candy Crush! No entanto, à medida que continuamos a repetir os comportamentos que geram essas recompensas, o resultado agradável associado ao comportamento começa a diminuir. Quando mais subimos de nível num jogo mais queremos subir e assim é a vida, nunca estamos satisfeitos. E ainda bem que assim é, quem se sente satisfeito totalmente ou sente que sabe tudo deixa de ter interesse e certamente que sentirá um enorme vazio, logo entrará num processo de necrose emotiva.
Lembras-te do primeiro beijo que deste e daquele arrepio na barriga, é algo que fica na nossa memória para sempre, e são essas lembranças e os seus efeitos originais que nós mantemos na nossa mente e que queremos voltar a sentir. Então permanecer num jogo em níveis baixos já não dá a mesma adrenalina e o mesmo prazer desejado, precisamos de recriar esse efeito inicial e é aí que nos sentimos compelidos a continuar a tentar a sentir novamente essa sensação. É por isso que nós persistimos num jogo de playstations pela noite dentro – apenas para tentar alcançar esse nível elevado que sentimos quando vencemos pela última vez. Entendeste um pouco melhor porque temos muitas das nossas compulsões, para enganarmos a nossa ansiedade e para voltarmos a sentir aquele efeito desejado.